Durante a nossa vida passamos por muitos desafios.
Acredito que o primeiro desafio de todos é o nascimento.
Saímos de um lugar tranquilo e quentinho, para um lugar frio e barulhento.
Começamos a ter fome, a luz e o barulho nos incomodam.
Nascemos para ter os desafios, nascemos para apreender com os desafios.
Acredito que o meu segundo desafio foi quando fiquei doente. Era muito pequena, 1 ou 2 anos. Algo que nunca soube bem ao certo como aconteceu ou o que foi que passou.
O fato é que fiquei por um tempo, não sei quanto, no hospital em vida vegetativa. Havia algo em minha cabeça...mas que não podia ser operado, tinham que esperar passar.
Não consigo imaginar a dor que meus pais passaram. Em uma situação que não conseguem fazer nada para salvar sua filha. O dinheiro não ajuda. Só restava esperar e rezar para que consiga se recuperar.
Acho que foi um desafio para os meus pais também.
Consegui me recuperar e sem sequelas, ao que parece até os dias atuais.
Os outros desafios são mais básicos. A sociedade te coloca que você precisa estudar. Então voc~e começa a ir na escola e aprender um monte de coisas.
O desafio é conseguir as notas que precisa para se graduar.
Depois você tem o desafio de entrar em uma universidade para ser alguém na vida.
Você entra na universidade e precisa estudar para conseguir o diploma.
Você consegue o diploma e se vê na corrida para conseguir um emprego.
No meu caso eu consegui uma bolsa de estudos no Japão.
Por ser descentente de japoneses participava de uma Associação da província em que meus avós nasceram.
Fui para o Japão para estar como estagiária em um Hotel Internacional e ter mais conhecimentos.
O desafio era conseguir me comunicar todos os dias em linguagem formal, sendo que não sabia falar japonês direito.
Sempre gostei da língua japonesa, mas nunca me ví estudando. Foi aí que tive que aprender sim ou sim. É claro que algumas coisas básicas você sabe, afinal de contas a minha família era de descendentes.
A época em que estive no Japão me mostrou diferentes formas de pensar e conheci muitas pessoas.
Tomei muitas decisões que poderiam mudar a minha vida.
Os desafios foram muitos, mas consegui superá-los um a um, aos poucos.
Quando voltei ao Brasil encontrei com a minha família.
E logo mais desafios.
Assim que pisei em solo Brasileiro o meu pai me disse que daquele momento em diante eu teria que me sustentar sozinha. É claro que ele não me expulsou de casa, mas financeiramente eu teria que me sustentar. Nos meus próprios gastos.
Em esse momento tive dois pensamentos. Um por estar grata na confiança que tinha que eu poderia caminhar sozinha e o outro considerava um pouco injusto a sua decisão, pois tinha recém voltado do Japão e não tinha emprego e nem nada.
Comecei a procurar um emprego e no final daquele ano consegui.
Comecei a trabalhar na área de turismo. Uma área em que eu não estava acostumada, mas tinha muita curiosidade em saber como era o outro lado, como que os hóspedes e eventos chegavam até o hotel. Essa era a chance.
Desafio por desafio fui aprendendo e conquistando meu espaço dentro da empresa.
Foram 3 ótimos anos vividos, mas no final do terceiro ano eu já me sentia esgotada.
Sabia que não era o serviço que gostaria para o resto da minha vida e que era tempo de mudar.
Resolvi me demitir e buscar novos projetos.
Fui para o Japão como trabalho temporário, era um trabalho em uma fábrica por três meses.
Esperava que no final do terceiro mês eu já tivesse descoberto o que gostaria de fazer na vida.
Tive que trabalhar 12 horas por dia corridos... revezando entre trabalhos diurnos e noturnos.
Duas semanas trabalhando das 8 as 8 da manhã e duas semanas das 8 as 8 da noite.
Conheci muitas pessoas que gostariam que eu escrevesse um livro sobre a vida que levam no Japão e a situação em que se encontram.
Quando o período do contrato terminou eu ainda não sabia o que fazer. Isso me deixou um pouco desanimada, pois estava sem rumo.
Foi então que um belo dia, eu entrei em pânico. Senti um pânico tão grande que não conseguia estar em lugares fechados, não conseguia caminhar, não conseguia fazer nada. Estava tão frágil.
Nunca tinha passado por uma situação de pânico tão forte.
Esse era meu novo desafio, atravesar por essa fase.
Comecei dizendo para mim mesma que não podia viver dentro da casa, que eventualmente teria que sair.
No começo foi complidado e difícil, mas aos poucos comecei a ir em lugares que esatavam perto da casa. Fui a parques, shoppings e templos.
Depois comecei a ir em lugares mais longe, já conseguia estar dentro do metro, elevador.
Nesse período veio uma proposta de ir ao Peru, fazer um trabalho de pesquisa.
Dúvidei um pouco, não sabia se estava preparada ou não. Mas depois aceitei a proposta.
Não conseguia me imaginar dentro de um avião por tanto tempo, afinal de contas faria a viagem do Japão ao Brasil e de aí ao Peru.
Seriam mais de 30 horas de vôo. No começo eu juntei toda força que tinha, me concentrei em outra coisa, mas depois que se passa algumas horas, você acaba ficando tão cansado de não fazer nada no avião que se esquece de tudo.
A viagem no Peru foi tranquila, andei de hidroavião, quase morri de medo.
Despois passei uma temporada no Brasil com a família e amigos. E então resolvi ir ao Japão para morar por um tempo.
Mais horas de vôos intermináveis.
Chegando ao Japão tinha que procurar um emprego.
Comecei a trabalhar em uma cadeia de sanduiches, não era o emprego que todos esperavam que eu fosse fazer, mas eu estava feliz por conseguir um emprego em um país que não era o meu e por ter alguma forma de renda.
É claro que o tempo passa e você quer construir uma família.
Fiquei grávida e decidimos ter o bebê no Japão. Fiquei um tanto insegura, não sabia como faziam as coisas por lá.
O médico foi atencioso e parecia bem tranquilo. Isso me deu um pouco de paz e o parto foi natural.
Depois de um tempo nos mudamos para o Peru, devido aos projetos que tinhamos.
E novo desafio, nova língua, novas pessoas.
A fase de adaptação durou uns meses, tinha que me habituar aos costumes e a forma de vida.
Mas atéo momento todas as coisas caminham bem.
Os desafios aparecem na nossa vida não para que tenhamos medo deles, mas para que tenhamos coragem de enfrentá-los e crescer como pessoas.
Cada desafio tras um aprendizado diferente e nos faz descobrir mais sobre nós mesmos.
Tenha a coragem de lutar por aquilo que acredita e vencer os obstáculos da vida.
10/29/2011
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